Terça-feira, 10:39 da matina, estou no Futurama quando toca me celular, no ecrã a bina mostra um nome: Bonilha, - "Última chance hein mano!" - Ele já lança logo de cara. Na minha cabeça começa a passar um filminho com ondas perfeitas, daquelas que o Tani sempre volta do sul falando. Ainda tenho uma semana de férias, tava pensando em ir pra Ubatubos, mas as estradas da região estão caóticas e isso pesou como um voto contra. Pro sul eu já tinha ido semana retrasada (post 18 a 24/12), mas nunca fiquei na goma do Neilor, e essa parecia ser uma oportunidade única, se não for agora só num feriado prolongadasso, desculpa mas não tenho a raça do Tani e seu cunhado de irem pra la todo final.
Ontem, na casa do Fe, o Dango e o Bolinha ficaram pilhando, mas foi a fala mansa do raçudo citado acima que acabou por me convencer de vez.
Agora são 10:40, estou decidido e ligando pra minha esposa arrumar a mala, ou melhor, pra não desarrumar a última. Às 10:41 confirmo presença com o Neilor e agora só preciso convencer o Linha´s a me esperar pra sairmos no final da tarde. Foi uma correria só (denovo), afinal, não é todo dia que eu acordo e resolvo ir pro sul derrepente.
Por volta das 19:00 já estávamos no trânsito cabuloso daquele trecho pentelho da Régis, igual o FDS retrasado, mas agora com um refrescante reck pinga-pinga. A previsão era chegar meia noite, se não a carruagem viraria abóbora. Atrasamos umas três horas, e o Fox continua pretinho, pretinho. Enfim chegamos na goma mais style do sul, com sua privilegiada vista, O quadro que se vê da janela e da varanda é tão loko que até a Miki o ficava adimirando por horas.
Então, o Neilor apareceu para nos receber, muito bem por sinal, só faltou estender um tapete vermelho. Ele ainda falou que ta rolando altas e que vamos acordar amanhã cedo (logo menos) pra surfar.
Valeu a tentativa, não acordamos tão cedo e quando chegamos na Ferrugem nos deparamos com aquilo que todo surfista teme: "o flat". O mar ficou colado o dia todo, com direito a bis na quinta-feira. O jeito foi tentar fazer a trilha pra Silveira, as cordenadas eram: "vai sempre pela esquerda". Tivemos que desobedecer, caso contrário estariamos até agora andando em círculos. Andamos umas três horas, embaixo da tempestade e no meio do mato, os cachorros que nos acompanhavam desistiram na metade disso. Não conseguimos chegar no nosso objetivo, mas tivemos uma bela visão do pico, analisamos as condições e antes de fazer meia-volta, concluímos que o flat ainda imperava na costa catarinense.
A previsão atrasou, mas acertou e o swell entrou. Primeira queda do ano foi no meio do Rosa, Neilor acionou seu brother Chico e pegamos um metro servido, com crowd, nada demais. Depois comemos no bandeijão do Vilson e fomos pra Vila fazer o fim de tarde, agora sem o Chico... As reações foram parecidas, talvez o menos chocado fosse o Neilor, por já estar acostumado com a perfeição daquelas ondas. Um metrão com séries maiores e a onda não fechava nem a pau, gringo, pena que não foi só agente que percebeu, pois o crowd tava sinistro.
Sábado tentamos falar com o cabeça-de-cebola (o Neilor que inventou), mas não o encontramos. O Neilor também não pôde ir. Mas a Pro pôde, procuramos na Ribanceira, na praia do Porto, mas só fomos encontrar na Vila. Tava parecido com ontem, só um pouco menor e bem menos crowd, entramos pelo canal e ficamos bem no pico. Agora, com menos disputa, deu pra pegar muito mais onda. Tinha altas, melhor queda dos últimos tempos, proporcionando todos os tipos de manobra, principalmente as batidas de back. Foi quando eu vi que aqueles rolês de SK8, que antes eu tanto criticava, estavam fazendo o Linha´s evoluir no surfe violentamente; salve Alberto Roberto.
A tarde fomos encarar a guerra da Ferrugem, mas sem uma metranca, fica impossível surfar lá. Tinha altas tbm, serviu pra cumprir tabela, e para poder dizer que aproveitamos o swell ao máximo, afinal amanhã não vai ter mais nada.
Ao cair da noite trombamos o Tani, seu cunhado e a Fabi no Las Ondas. Pousada essa que, assim como a cidade, estava com 90% de sua ocupação oriundos daquele lixo de país vizinho. Aqui, quem fala espanhol é mais local do que os nativos e como eles estavam enchendo nosso país de dinheiro, agente tem mais é que trata-los bem, apesar de umas horas a vontade ser o contrário. Ô povo mal educado e folgado.
Domingo acordo umas 8 e enquanto espero as belas adormecidas, como pão com requeijosta (hummm. quero mais!). Logo elas vão brotando, primeiro o Neilor, querendo ir surfar, depois o Linha´s sem ressaca denovo, apesar de ter ficado na balada até umas horas como de praxe. Pranchas na Strada, vamos pra Silveira Norte (segundo o Neilor é um secret), só falta definir quem vai sentado no freio-de-mão. Chegamos no pico, meia dúzia de boiadores no outside, a bunda quadrada e quase nada de onda, foi o mar mais força-barra das férias, a água mais gelada tbm, Bolinha no pêlo deve ter sofrido e o pior: agora era a vez dele sentar no câmbio.
Voltamos pra goma, pra pegar as respectivas mulheres e bater uma chepa no Zanoni. Eu particularmente sai passando mal do pico, o sorvete com artesanato italiano foi pura gula. Borracharia, pneus zerados, digestivo e um bode caprichado pra poder encarar a BR de volta. Queria mandar um salve especial pro meu irmão mais velho, o Neilor, que fez a preza e que neste exato momento deve estar vivendo algo muito parecido com tudo aquilo que vc leu até aqui.
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